Escrito por: Maria Silva de Moraes e Solange Queiroz Silva de Souza.

Resumo

O presente artigo buscou desenvolver um estudo sobre a avaliação da aprendizagem escolar. Essa análise se fará numa visão psicopedagógica, apresentando uma reflexão inicial a respeito da avaliação, conforme a visão de estudiosos. Este artigo tem como objetivo desvelar como se processa essa teia de possibilidade que é a avaliação psicopedagógica. A fundamentação teórica foi baseada nas várias opiniões de pesquisadores como: Makeliny Oliveira Gomes Nogueira (2011), Luckesi (1996), MORIN  (2002) PIAGET (2004) e BOSSA (2000), entre outros. Através desse estudo, demonstrou-se ao final do mesmo que se faz necessário redimensionar a prática da avaliação, recorrendo a subsídios psicopedagógicos para facilitar o trabalho de todos os envolvidos na prática pedagógica, devendo portanto ter um conhecimento aprofundado sobre os motivos que desencadeiam o fracasso escolar e as dificuldades de aprendizagem, buscando assim, novas ideias para que se compreenda e se vivencie, de fato, a psicopedagogia como uma área de atuação e de conhecimento voltada para os complexos processos de aprendizagem humana, como uma rede plena de interações, vínculos, compromissos e papéis, que constituem uma teia de possibilidade na qual se deve atuar.

Introdução

A pesquisa e análises dos dados fundamentam-se numa abordagem sistêmica que considera o processo ensino-aprendizagem como dinâmico, abrangendo interações interpessoais, intergrupais, presentes nos sistemas institucionais. As análises consideram a complexa rede de fatores que se interagem para a constituição das diferentes identidades e funções das pessoas que aprendem e ensinam. Estas reflexões e práticas valorizam a complexidade do conhecimento e do homem, frente às diferentes formas de aprender e de pensar (MORIN, 2002 p. 117).

Este artigo tem como objetivo desvelar como se processa essa teia de possibilidade que é a avaliação psicopedagógica. Partindo desse pressuposto, surgiu o interesse de pesquisar a avaliação da aprendizagem escolar numa visão psicopedagógica a partir  da seguinte indagação: O que é avaliação psicopedagógica no contexto escolar?

Lendo a Linha do Tempo

Foi na França, no final do século XIX, que se encontrou os primeiros registros da preocupação de profissionais da educação, da filosofia e da medicina com problemas de aprendizagem; predominava a ideia  de que todos os seres humanos são capazes de aprender. Durante o século XIX firmou-se o capitalismo industrial; colocando de lado os ideais burgueses de igualdade e fraternidade, cria-se a necessidade de justificar as desigualdades inerentes à sociedade de classes.

Nesse cenário de crença no cientificismo a possibilidade da existência surge de um conhecimento certo e seguro com Francis Bacon, o percursor da chamada ciência moderna e positiva[… ], produzindo na cultura ocidental a convicção de que o saber, oriundo da pesquisa científica, amplia a possibilidade do fazer, a tecnologia (NOGUEIRA, 2011 p. 25).

Diante desse cenário dinâmico, a avaliação é um elemento de suma importância, pois é uma ferramenta que sintetiza a aprendizagem de determinado conhecimento; não deve ser entendida simplesmente como um momento determinado e pré-fixado desse processo, mas como integrante dele, pois no mesmo instante que se realiza a aula, está acontecendo a aprendizagem; concomitantemente com o ensino, o professor e o aluno têm condições de perceberem se a aprendizagem esperada está ocorrendo: estão avaliando, mesmo que não haja a preocupação de transformar essa avaliação “informal” em números ou conceitos, sem a necessidade imediata de quantificá-la.

Pode-se dizer que a avaliação psicopedagógica nos permite dispor de informações relevantes não apenas em relação as dificuldades apresentadas por um determinado aluno ou grupo de alunos, por um professor ou alguns pais, mas também as suas capacidades e potencialidades. Desse modo, não se fala de deficiências nem de dificuldades, mas sim de necessidades educativas dos alunos que, necessariamente, devem ser traduzidas em situações passíveis de melhora e na concretização de auxílio e suporte.

A psicopedagogia é uma área de estudo recente, que atua no campo da educação, mais precisamente no processo de aprendizagem (quase que exclusivamente tratando de suas dificuldades, problemas, transtornos). Sua abordagem pode ser tanto institucional, quanto clínica, resguardando suas particularidades, recorrendo sempre que preciso a outras áreas, tais como pedagogia, psicologia, fonoaudiologia, medicina, etc.

A Psicopedagogia no Brasil

A Psicopedagogia no Brasil, enquanto área de atuação, é sustentada por referenciais teóricos, isto é, uma práxis psicopedagógica. É reconhecida, academicamente, através das produções científicas materializadas em teses, publicações e reuniões científicas organizadas pelo nosso órgão de classe Associação Brasileira de Psicopedagogia e por outros órgãos representados pelos profissionais e áreas afins. A formação é feita em cursos de especialização em universidades públicas e particulares. Não há, portanto, como desconhecer o papel relevante desta profissão que tem contribuído para a integração de crianças, adolescentes e adultos que por diferentes razões estão desarticulados do sistema escolar e de instituições onde a aprendizagem é o centro. Diferentemente dos primórdios do movimento educacional preocupado em compreender as razões do insucesso das crianças na escola, buscando apenas no aluno as respostas, a tendência contemporânea é considerar o insucesso enquanto sintoma social e não apenas como uma patologia do aluno.

Hoje é inegável o reconhecimento da contribuição social e científica da Psicopedagogia e dos Psicopedagogos na realidade brasileira. Embora nossa referência seja a Psicopedagogia, enquanto área de atuação preocupada com a questão da aprendizagem humana, sabemos que muitos são os estilos dos psicopedagogos, pois cada um os constrói a partir de sua singularidade, a qual determina as diferentes opções pelos modelos e referenciais teóricos. Entende-se que existe uma profunda relação e entrelaçamento entre os aspectos teóricos, a formação e o modus operandi do profissional. Como não há uniformidade de modelos teóricos, não há uma única práxis psicopedagógica. O fundamental é desencadear a consciência do compromisso na formação profissional. É a formação continuada que fundamenta a práxis psicopedagógica. Para que o tripé modelos teóricos/ formação/ modus operandi se sustente, hoje é preciso fazer uma distinção entre legitimidade e legalização. A legitimidade da Psicopedagogia – enquanto práxis – e do Psicopedagogo – enquanto profissional – já foi alcançada. É preciso agora legalizar/oficializar através de leis o que já está legitimado.

A Avaliação Psicopedagógica

A avaliação psicopedagógica é a investigação do processo de aprendizagem do indivíduo visando entender a origem da dificuldade e/ou distúrbio apresentado. Como se vê seu objetivo é bastante diferenciado. Dependendo do conceito de avaliação que o psicopedagogo tenha, a avaliação psicopedagógica seguirá o mesmo modelo.

No caso de um profissional que adota a avaliação de cunho classificatório, certamente, irá utilizar um padrão de avaliação psicopedagógica baseada na definição de categorias de problemas encontrados. Por outro lado, se a postura for de utilização da avaliação de natureza diagnóstica, então, a avaliação psicopedagógica terá por finalidade identificar possíveis causas dos problemas e orientar quanto a melhor forma de trabalhar com o referido aluno.

De um modo geral, os procedimentos utilizados numa avaliação psicopedagógica incluem entrevista(s) inicial(is) com os pais ou responsáveis pela criança e/ou adolescente, análise do material escolar, aplicação de diferentes modalidades de atividades e uso de testes para avaliação do desenvolvimento, áreas de competência e dificuldades apresentadas.

É preciso considerar cada caso para que se proceda adequadamente no processo avaliativo. Contudo, em todas as situações, faz-se necessário iniciar a avaliação psicopedagógica pela anamnese, que é a primeira etapa da avaliação.

Nesta perspectiva, para que se dê um novo rumo à avaliação seria necessário o resgate da sua função diagnóstica, ou seja, deveria ser um instrumento dialético do avanço, um instrumento de identificação de novos rumos. “Enfim, terá de ser o instrumento do reconhecimento dos caminhos percorridos e da identificação dos caminhos a serem perseguidos?” (LUCKESI, 1995 p. 43).

A avaliação psicopedagógica pretende obter uma compreensão global da forma de aprender do sujeito e dos desvios que estão ocorrendo na sua aprendizagem. E procura utilizar as contribuições de uma equipe multidisciplinar para compor o diagnóstico e a intervenção mais adequada a cada caso porque entende que o sujeito precisa ser considerado na sua totalidade.

Existe uma tendência geral em se privilegiar na avaliação e intervenção psicopedagógica, o aspecto lúdico. Essa tendência é muito positiva para ajudar as crianças com dificuldades na aprendizagem e/ou com deficiências, podendo ser complementada com testes e atividades mais formais nas áreas cognitiva, afetivo-social e corporal, linguística, etc.

O problema maior dos diagnósticos errados se situa na forma como se conduz o processo de avaliação desses indivíduos. O pior é que acabam se construindo preconceitos sociais para com algumas crianças, a partir de uma suspeita de deficiência ou de problemas de aprendizagem que não se justifica e não possui razão de ser. Toda esta situação torna-se ainda mais grave, quando o psicopedagogo (ou qualquer outro profissional) limita-se a oferecer um diagnóstico que somente serve para rotular aquela criança ou jovem, mas não subsidia o professor com alternativas de intervenção que facilitem o processo de ensino e aprendizagem.

Assim, pode-se observar que o psicopedagogo precisa se aliar a outros profissionais para construção de uma avaliação eficiente, no entanto, cabe-lhe uma tarefa diferenciada, a de investigar os”aspectos relacionados às condições de aprendizagem e de desenvolvimento da criança ¨ e propor uma intervenção psicopedagógica adequada.
Pensa-se num processo de desenvolvimento onde não apenas se considere a existência de imposições e limites de uma estrutura, mas onde também exista um sistema aberto, cheio de possibilidades, de criação e de liberdade.
Como isso o envolvimento não apenas do aluno, mas da família, da escola, da sociedade e  ainda nos cabe observar a história de vida de cada elemento dessa rede de possibilidade, e as oportunidades que foram oferecidas a cada indivíduo. Cabe-nos ter um olhar que nos permita atuar no plano da subjetividade, uma vez que não há receitas e programas elaborados previamente que possam dar conta da diversidade de cada sujeito singular.

A avaliação psicopedagógica  clinica é um processo complexo de investigação sobre a aprendizagem de uma pessoa ou um grupo. Esse  processo investigativo envolve não só o psicopedagogo e a criança ,vários  atores, nesse caso estamos tratando da aprendizagem formal, ou seja aquela que se dá na escola. Assim  deve-se investigar o processo de ensino aprendizagem em todas as instância com base nas relações socioculturais estabelecidas pela pessoa ,desde o inicio de seu desenvolvimento até o estágio em que se encontra conforme Bossa (2000, p.85)

O trabalho psicopedagógico implica compreender a situação de aprendizagem do sujeito, individualmente ou em grupo, dentro do seu próprio contexto. Tal compreensão requer uma modalidade particular de atuação para a situação em estudo, o que significa que não há procedimentos predeterminados. Esta característica como configuração clínica da pratica psicopedagógica, ou seja, a abordagem e o tratamento, enfim a forma de atuação se vai tecendo em cada  caso, na medida em que a problemática  aparece. Cada situação é única e requer do profissional atitudes específicas em relação aquela situação. Dessa maneira o desenvolvimento da avaliação psicopedagógica deve estruturada em um referencial teórico-prático que alicerce passo a passo o fazer psicopedagógico, pois sabe-se que avaliar um indivíduo  é algo desafiador e complexo, já que cada pessoa  é singular. Há uma diversidade de formas de avaliação na clínica  psicopedagógica: através  de desenhos, da linguagem do sujeito, da fala dos pais, dos relato dos professores, pelas atividades escolares da pessoa, da vida analisada por meio de testes diversificados, através  de brincadeiras etc. Por isso é relevante ressaltar que qualquer avaliação psicopedagógica de um indivíduo ou de um grupo dependerá sempre de estudos teóricos que fundamentam a investigação. Mesmo assim, a linha de trabalho do psicopedagogo pode variar de acordo com sua formação acadêmica e de sua orientação profissional; ainda assim , independentemente do caminho a ser trilhado, os resultados devem ser sempre semelhantes ao término da avaliação. Nesse sentido, um dos maiores obstáculos para o profissional da psicopedagogia, no contexto atual, é o de fazer da diversidade de teorias e crenças uma unidade complexa que as agregue, valorizando o que há de mais significativo em cada uma delas.

O processo de avaliação psicopedagógica clinica na perspectiva da investigação do psicopedagogo Jorge Visca, mentor da epistemologia  convergente. Essa linha investigativa agrega a psicanálise de Freud, e a epistemologia genética de Piaget e a psicologia social de Henrique Pichon Riviere. Graças a psicanálise,o desejo do aluno começa a ser olhado como algo importante para a aprendizagem, ou seja, os aspectos afetivos ganham destaque na educação e passam a influenciar decisivamente. Como sua epistemologia genética, Piaget desenvolve uma teoria  com ênfase na ação do sujeito sobre o mundo. Esse biólogo estudou o processo de construção de conhecimento pelo sujeito, do nascimento á idade adulta. De acordo com essa teoria o desenvolvimento da inteligência e do raciocínio lógico esta organizado em quatro estágios  de pensamento:

Segundo NOGUEIRA (2011, p.59 ) PIAGET identificou características especificas em cada estágio do desenvolvimento,que são utilizados durante todo processo de avaliação psicopedagógica  clinica.

Estágio sensório-motor (0 a  2 anos)
É nesse estágio que a criança construirá as noções centrais de espaço; no começo há tantos espaços não coordenados entre si,quanto domínios sensoriais (espaço bucal,visual, tátil, etc.) Porem no fim  do segundo ano, ao contrário, está concluído um espaço geral que compreende todos os outros, caracterizando as relações  dos objetos entre si e os contendo na sua totalidade, inclusive o corpo.
(Piaget, 2004, p.21)

Estágio  pré-operatório (2 anos a 7 anos)
Nessa fase do desenvolvimento da criança,as mudanças de conduta são profundas, tanto as intelectuais quanto as afetivas. Através da linguagem que é a grande conquista desse estágio.

Estágio operacional concreto (7 anos a 12 anos)
Esse período  marca uma fase decisiva de avanços mentais para a criança,pois se inicia uma fase interrupta de novas construções. A criança passa a ser capaz de estabelecer relações entre as transformações dos estados e das coisas. Há um aumento da capacidade de concentração quando a criança trabalha sozinha. Por outro lado aumenta a capacidade de trabalhar em grupo como no caso dos jogos com regras.

Estágio operacional formal (12 anos adiante)
Ao iniciar o período lógico-formal, marcado pelo início da adolescência, um novo salto de qualidade se faz presente no desenvolvimento cognitivo.

Avaliação Diagnóstica Psicopedagógica

De acordo com Bosso (2000, p.94) “pensar o trabalho psicopedagógico na clinica remete, nesse caso, igualmente à prática”. Daí a necessidade de compreendermos o passo a passo de cada sessão do trabalho clínico.  

Tendo como referência principal a Epistemologia Convergente, nossa opção de avaliação. Propõe  os seguintes instrumentos:
Queixa – E.O.C.A e/ou observação lúdica

O mundo infantil é permeado pelo lúdico e pela fantasia. É por meio das brincadeiras, dos jogos, das imitações e da representações que a criança vai aprendendo a se comunicar e conviver socialmente. Dessa forma, a observação lúdica deve ser um momento de descontração, que proporcione prazer à criança e que não tenha, como a E.O.C.A, um olhar diretamente voltado para questões de aprendizagem escolar (NOGUEIRA, 2011 p. 93).

Planejamento e Aplicação das Provas: Instrumentos Formais

Área Cognitiva: Provas Piagetianas – Diagnóstico Operatório; Provas projetivas psicopedagógica; Área Afetiva; Provas projetivas psicopedagógicas
Área Funcional; aspectos Psicomotores; Linguagem; Sensorial; Conceitos Básicos Habilidades acadêmicas: leitura/escrita/matemática (realismo nominal, audibilização, classificação de estágios de escrita, ditado topológico, ordenação de história de vida – anamnese e levantamento de dados escolares. Entrevista com os profissionais da escola; Análise do material escolar.

Provas e Testes Complementares

Dependendo da análise das provas anteriores complementação das provas de leitura, escrita matemática; exames clínicos complementares: neurológicos, oftalmológicos,…; análise da expressão plástica; análise de tarefas; outros.

Análise dos resultados e conclusão da hipótese diagnóstica. Verificação  e decantação do segundo sistema de hipóteses, formulação do terceiro sistema de hipóteses. Entrevista para esclarecer o motivo do atendimento.

Objetivo: Estabelecer hipóteses sobre aspectos importantes para o diagnóstico de aprendizagem.

Com os pais: significação do sintoma na família ou, com maior precisão, articulação funcional do problema de aprendizagem,significado do sintoma para a família, isto é, as reações comportamentais de seus membros ao assumir a presença do problema; relaciona-se com os valores da família com respeito ao não aprender; fantasias de enfermidade e cura e expectativas acerca de sua intervenção no processo diagnóstico de tratamento; sentido do que a família espera a respeito do seu trabalho;  modalidade de comunicação do casal e função do terceiro; observar a relação dos pais entre si, os valores da família, a comunicação entre pais e você.

Com a escola (professor – orientador) observar: significação do sintoma na escola, visão do sintoma; significação do sintoma para o professor (escola)  significado do sintoma para o professor (escola), reações dos membros da escola ao assumir o problema; significado do sintoma sentido do que a escola espera a respeito da sua intervenção (confirmação do não aprender como: tirar da responsabilidade  da escola o fracasso; uma possibilidade de auxílio para o sucesso; uma ameaça externa); observar os valores da escola, a comunicação entre seus profissionais e entre  profissionais e o aluno.

Com o sujeito observar: visão do sintoma para o sujeito (isto é o que acontece): significação do problema para o sujeito (o que significa o meu não aprender); sentido do que o sujeito espera a respeito da sua intervenção; observar as modalidades de comunicação do sujeito. (pode ser obtida na entrevista realizada com o sujeito no primeiro encontro – antes da E.O.C.A.) 

Entende-se que a avaliação psicopedagógica, deve nos permitir dispor de informações relevantes não apenas em relação as dificuldades apresentadas por um determinado aluno ou grupo de alunos, por um professor ou por alguns pais, mas também às suas capacidades e potencialidades. Desse modo, não fala ?se  de deficiências nem de dificuldades, mas sim de necessidades educativas dos alunos que, necessariamente, devem ser traduzidas em situações passíveis de melhora e na concretização de auxílio e suporte.

Recorro, mais uma vez,uma citação para destacar um ponto: “A noção de construção e não mais de aquisição tradicional de competências traduz uma passagem da concepção  do indivíduo consumidor de informações pré-concebidas por um indivíduo ator de sua formação” (BARATO, 2002 p.182).

Por trás de toda avaliação há sempre um julgamento técnico com base em um critério, mediado por um enfoque conceitual, técnicas e instrumentos não neutros, que são uma medida interpretativa da realidade. A avaliação psicopedagógica requer um processo prévio de obtenção de dados e informações sobre o que pretendemos conhecer e melhorar. Trata-se de um processo amplo que teria de ser compartilhado e que, sob nosso ponto de vista, deveria incluir diferentes contribuições profissionais, porque não tem apenas uma dimensão individual ou do grupo que queremos avaliar, mas também uma vertente multiprofissional e institucional. A maneira de entender e atender à diversidade a partir de uma perspectiva global da escola determina o êxito ou o fracasso escolar, do mesmo modo que um enfoque psicopedagógico centrado unicamente no “problema individual de um aluno”.

A avaliação psicopedagógica supõe contar com o critério técnico de um profissional, do psicopedagogo ou da psicopedagoga, sem cair na pretensão de considerá-lo único e determinante. Os processos de ensino-aprendizagem mostram como cada pessoa e grupo de aprendizagem são únicos e podem se desenvolver com diferenças significativas, não apenas pela diversidade de habilidades físicas e cognitivas, mas também emocionais, manifestadas nas aptidões e atitudes relacionais, solidárias e de convivência, cujo desenvolvimento, inibição ou repressão podem influenciar os contextos.
Conforme  BARATO (2002, p.105):

O saber não é local ,pois a transcendência é uma das condições de validade do conhecimento.Em outras palavras,as visões de mundo,historicamente construídas, embora vinculadas à experiência, são universais.

Portanto, que a avaliação psicopedagógica é um processo dinâmico, contínuo e preventivo; e, na escola, em particular, é compartilhado por diferentes profissionais. Esse processo tem finalidade de favorecer a tomada de decisões consensuais a partir de um acompanhamento contínuo das interações entre os diversos elementos que incidem tanto no ensino quanto na aprendizagem. Essas decisões devem traduzir-se em medidas factíveis, que os profissionais possam implementar para que o processo de ensino-aprendizagem leve ao progresso dos alunos como grupo e individualmente. Portanto, a avaliação psicopedagógica parte do reconhecimento de que em qualquer processo de ensino-aprendizagem existem elementos assimetricamente incidentes: os alunos, os professores e o currículo. Esses elementos configuram um clima relacional e não apenas de aprendizagem, que é determinado também pelos contextos escolares, profissionais, familiares e as concepções que criam esses ambientes com relação ao acolhimento, ao ensino, à aprendizagem e, de maneira geral, ao desenvolvimento integral de qualquer menino, menina ou adolescente.

Metodologia

A metodologia utilizada neste estudo foi a pesquisa bibliográfica, pois a mesma ofereceu meios que auxiliaram na definição e resolução do problema já citado no inicio do artigo, como também permitiu explorar novas possibilidades novos olhares sobre a avaliação psicopedagógica. Permitiu também que o assunto seja analisado sob novo enfoque ou abordagem, produzindo novas conclusões. Este estudo percorreu vários autores, a fim de  considera  avaliação psicopedagógica uma teia de possibilidades.

Considerações Finais

A avaliação, conforme define Luckesi (1996, p. 33):

É como um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão”. Ou seja, ela implica um juízo valorativo que expressa qualidade do objeto, obrigando, consequentemente, a um posicionamento efetivo sobre o mesmo.

Dessa forma a avaliação psicopedagógica, por sua vez, é o processo dinâmico um movimento  sistemático,através do qual é analisado o grau de desenvolvimento do aluno e das alterações que se produzem no mesmo como consequência do processo educativo e da sua conectividade com o meio social.

E para que o processo de avaliação tenha sucesso, é de grande importância que se crie uma teia de possibilidades uma integração entre o psicopedagogo e a família do sujeito que está sendo avaliado, mas nem sempre é o que ocorre. A avaliação psicopedagógica geralmente é indicada pela escola. A indicação também ocorre por uma equipe multidisciplinar. Em alguns casos os próprios pais procuram o atendimento psicopedagógico por sentirem-se apreensivos e ansiosos com o desempenho escolar de seus filhos.

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