Por: Solange Rodrigues Martins Camargo dos Santos, Sirlândia Teixeira

É gratificante falar sobre dislexia, considerando-se a relevância do tema, pareado à  nossa experiência, em psicologia, psicopedagogia, educação física e  o escasso material de propostas para esta faixa etária, pois a maioria dos trabalhos disponíveis consideram a dislexia quando já instalada.

Neste sentido observa-se, na maioria dos casos, o estigma, isolamento, rebaixamento de autoestima que, junto a este quadro, torna mais difícil a intervenção. Pensar em avaliar a dislexia, é pensar na possibilidade de uma avaliação que envolva dados qualitativos e quantitativos. Do ponto de vista qualitativo, devemos levar em conta entrevistas, observações, análise de relatos e os registros escolares. De acordo com as diretrizes da British Dyslexia Association a avaliação qualitativa deve incluir a observação de sinais que podem indicar dislexia.

Mas é importante lembrar que mesmo quando a criança apresentar um conjunto de sinais, tais sinais não quer dizer que  necessariamente a  criança é disléxica e sim que  podem indicar fatores de risco e, portanto, se a criança apresentar estes sinais (abaixo), ela deve ser encaminhada para um profissional.

De acordo com Capovilla e Capovilla (2002, p.63), os sinais que podem indicar dislexia na Educação Infantil são: Histórico familiar de problemas de leitura e escrita; Atraso para começar a falar de modo inteligível; Frases confusas, com migração de letras; “A gata preta prendeu o filhote” em vez de ” a gata preta perdeu o filhote”; Impulsividade no agir; Uso excessivo de palavras substitutas ou imprecisas (como: coisa, negócio); Nomeação imprecisa (como “helóptero” para “helicóptero); Dificuldade para lembrar nomes de cores e objetos; Confusão no uso de palavras que indicam direção, como dentro/fora, em cima/embaixo, direita/esquerda; Tropeços, colisões com objetivos ou quedas frequentes; Dificuldade em aprender cantigas infantis com rimas; Dificuldade em encontrar palavras que rimam e em julgar se palavras rimam ou não; Dificuldade com sequencias verbais (como os dias da semana) ou visuais (como sequencias de blocos coloridos); Criatividade aguçada; Facilidade com desenhos e boa noção de cores; Aptidão para brinquedos de construção ou técnicos, como quebra-cabeças, lego, controle remoto de TV ou vídeo, teclado de computadores; Prazer em ouvir outras pessoas lendo para ela, mas falta de interesse em conhecer letras e palavras; Discrepância entre diferentes habilidades, parecendo uma criança brilhante em alguns aspectos, mas desinteressada em outros.

Tanto a dislexia como as demais dificuldades escolares (independentes da causa) devem ser motivos de preocupação de professores e pais, com a finalidade de se desenvolver uma estratégia de ajuda, que auxilia a criança a superar os obstáculos que vão tornando impossível o ato de aprender a ler e a escrever.

É preciso uma atenção mais focada e um olhar interdisciplinar. Mesmo tendo a ajuda de profissionais experientes, o disléxico precisará de um plano escolar eficiente e eficaz para superar as dificuldades escolares, devendo ser reabilitado nas áreas que apresentam prejuízos ao desenvolvimento de sua aprendizagem. O professor deve utilizar métodos e estratégias adequadas ao resgate das ineficiências instrumentais que o impede de adquirir eficientemente a leitura e escrita.

Tendo em vista o despreparo da maioria dos professores para lidar com esta condição, é importante que haja uma equipe multidisciplinar (psicopedagogo, fonoaudiólogo e psicólogo no caso de transtornos afetivos- sociais) treinando e habilitando o professor para que a estratégia utilizada possa atender cada caso, em função de suas necessidades especiais, bem como desenvolver com o aluno a organização e disciplina para o estudo,  enfatizamos aqui um trinômio de sucesso na dislexia: escola-profissionais-família.

Os principais erros ocorrem em função do não diagnóstico nesta fase e, como os sintomas já estão presentes, os alunos são tratados como indisciplinados, mal educados e o professor pode acreditar que a criança não vai aprender nem ler nem escrever,  já que ele pode não conseguir realizar tarefas simples como um exercício físico por exemplo, ou indicar o desenho que a professora solicitou, ou mesmo atender a uma solicitação da professora por mais simples que seja.  Porém, não é possível falar em tratamento, já que não há diagnóstico, por isso a importância deste tema na Educação Infantil.

É importante lembrar que muitas atividades (jogos, brinquedos e brincadeiras) já estão presentes no cotidiano da escola, mas o fato do professor ter consciência do que a criança está aprendendo ele direciona as atividades de acordo com as reais necessidades dos alunos. É comum os professores e pais acharem que as crianças com dificuldades precisam de atividades pedagógicas, muitas vezes enfadonhas e desestimulantes para a criança disléxica.

Por isso, quando os professores tem consciência do que as crianças estão aprendendo na brincadeira, ele brinca mais, porque sabe que elas estão aprendendo muitas coisas que aprenderiam nas atividades pedagógicas.  Vale ressaltar que para saber se não está tornado a brincadeira uma atividade obrigatória, o professor deve observar a atitude espontânea e a alegria das crianças ao participarem das brincadeiras.

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